segunda-feira, 11 de outubro de 2010

sinópticos

O que nos oferecem os sinópticos?
Estamos perante três grandes Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas. Para compreendermos correctamente a mensagem que estes nos transmitem, não convém reduzir sistematicamente o próprio Evangelho a “critica das fontes”, “a critica das formas (de géneros) literárias”, a “critica redácional”as criticas das tradições. Lembremos ainda que os abusos dos métodos comandados pela desconfiança não devem conduzir a uma avaliação negativa do seu justo uso. Reconhecer que estamos perante uma Palavra de inspiração divina ou seja Palavras de Deus é caminho certo para nossa salvação. Não é pelo facto de Bultmann em grande parte ter ofuscado a referência histórica dos textos a Jesus e daí procurar sobretudo uma tradução imaginária de crenças da Igreja, que é preciso inverter completamente a situação para que se retenha apenas a primeira das suas duas dimensões. O raciocínio em “ou bem … ou bem …” é apenas um falso dilema.
Ao contrário de tudo é preciso sair do historicismo acanhado pelo qual se fecharam os historiadores “ liberais”… e os apologistas que os seguem sobre o seu terreno sem primeiro contestar a sua forma de abordar o problema. É normal que a selecção das palavras de Jesus e a maneira de as expor tenham sido influenciadas lateralmente pela sua actualidade eclesial. A fidelidade da “memória” cristã não era aquela de gravar sobre “dados magnéticos” Ela suponha uma assimilação das palavras de Jesus uma releitura efectuada a luz da experiencia pascal uma comunicação do seu sentido para alem da sua materialidade verbal; é por esta via que se dá o acesso a “ a grande verdade” sobre a acção do “Espírito santo” (Jn 16.13). É este o caminho que os sinópticos nos oferecem para a salvação.
            Dizia B. Gerhardsson insistindo sobre “o facto da tradição” na “ pré-história dos evangelhos” notou  que a eventual modificação das palavras de Jesus não teve como fim ultimo de as deturpar, mas ao contraio teve como objectivo, de melhor compreender a matéria transmitida, mais profundamente e mais totalmente e de a apresentar também com mais clareza possível aos auditores do Evangelhos. ( La prehistoire dês evangiles. P. 117) Também ele esclarece que partindo “do facto que a matéria do evangelho desde  o principio remonta ao Jesus terrestre e aos discípulos que o acompanharam durante o seu ministério, (…) é preciso ter plenamente em conta que esta matéria, confiada a memoria foi alterada pela compreensão e as interpretações ou aplicações as quais os doutores do cristianismo primitivo a alcançaram progressivamente”(p.118). É preciso ter em conta este elemento de análise quando o procuramos situar no tempo a edição dos evangelhos e o “ordenamento” dos seus materiais constitutivos.

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