quinta-feira, 7 de outubro de 2010

003| SINÓPTICOS

O micro-relato escolhido para aplicar os enquadramentos de Espaço e Tempo é a passagem Lc 20,1-8: “1Num daqueles dias, estando Ele no templo a ensinar o povo e a anunciar a Boa-Nova, apresentaram-se os sumos sacerdotes, os doutores da Lei e os anciãos 2e dirigiram-lhe a palavra, dizendo: «Diz-nos com que autoridade fazes estas coisas, ou quem te deu tal autoridade.» 3Respondeu-lhes: «Também Eu vou fazer-vos uma pergunta. Dizei-me: 4o baptismo de João era do Céu, ou dos homens?» 5Eles começaram a discorrer entre si, dizendo: «Se respondermos que era do Céu, Ele dirá: ‘Porque não acreditastes nele?’ 6Se respondermos que era dos homens, todo o povo nos apedrejará, porque consideram João como profeta.» 7Responderam, então, que não sabiam de onde era. 8Jesus disse-lhes: «Também Eu não vos digo com que autoridade faço isto.»”

1. ESPAÇO

Político:
Podemos considerar como espaço político o Templo, onde se definiam regras e leis e se permitiam comportamentos e atitudes. (cf. Lc 20,1-3).

Topográfico:
Como espaço Topográfico como o espaço real, seja um mapa, uma planta ou até representações iconográficas. “1Num daqueles dias, estando Ele no templo…” (Lc 20,1). Estando ele no templo, tendo como base este excerto do Evangelho o espaço real deste micro relato é a cidade de Jerusalém, cidade onde está o Templo. E porque este micro-relato situa-se na secção designada como o Ministério de Jesus em Jerusalém.

Arquitectónico:
No espaço arquitectónico, “observa-se um marco predominante dos movimentos do exterior ao interior”[1]. A própria palavra apresenta o espaço arquitectónico, “1…estando Ele no templo…” (Lc 20,1).

Sémico:
Consideramos como elementos da língua e da cultura dum Povo. Este espaço sémico ou elementos sémicos podemos identificá-lo com o signo ideológico do espaço, como o descreve Carlos Reis no Dicionário de Narratologia. Faço esta identificação porque segundo o signo ideológico pode-se observar a representação ou a presença na narrativa a presença explícita de atributos de natureza social, económica, histórica, etc.

No micro-relato escolhido identifico pelo menos dois elementos sémicos a partir do signo ideológico: Um profeta na cultura Hebraica ensinava e tinha por inerência essa autoridade, e Jesus junto do povo era considerado como um Profeta, exemplo disso é a passagem de Lc 16, 13-14 “«Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?» Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.»” e Jesus na sua missão de anúncio e ensino, exercia o seu múnus: “Num daqueles dias, estando Ele no templo a ensinar o povo e a anunciar a Boa-Nova…” (Lc 20,1). Outro elemento sémico é o apedrejamento em caso de blasfémia contra Deus directamente ou contra um dos seus profetas, “Se respondermos que era dos homens, todo o povo nos apedrejará, porque consideram João como profeta.»” (Lc 20,6).

2. TEMPO

Pausas:
Consideramos como a “relentização extrema da narração, donde um segmento do relato corresponde a uma duração nula no plano da história contada.”[2] “5Eles começaram a discorrer entre si,…” (Lc 20,5)

Cenas:
É o “ritmo chamado «normal» de narração, donde convencionalmente o relato e a história contada avançam com um tempo igual, ex. um diálogo”[3]. “…e dirigiram-lhe a palavra, dizendo: «Diz-nos com que autoridade fazes estas coisas, ou quem te deu tal autoridade.» Respondeu-lhes: «Também Eu vou fazer-vos uma pergunta. Dizei-me: o baptismo de João era do Céu, ou dos homens?» Eles começaram a discorrer entre si, dizendo: «Se respondermos que era do Céu, Ele dirá: ‘Porque não acreditastes nele?’ Se respondermos que era dos homens, todo o povo nos apedrejará, porque consideram João como profeta.» Responderam, então, que não sabiam de onde era. Jesus disse-lhes: «Também Eu não vos digo com que autoridade faço isto.»” Lc 20, 2-8.

Sumário:
Este tipo de tempo é a “aceleração da narração, donde o relato conta em poucas palavras um período relativamente largo da história contada”[4]. “Num daqueles dias, estando Ele no templo a ensinar o povo e a anunciar a Boa-Nova, apresentaram-se os sumos sacerdotes, os doutores da Lei e os anciãos” (Lc 20, 1).

Elipse:
Observa-se na Elipse uma “velocidade extrema da narração, que passa no silêncio um período da história contada, esse segmento temporal corresponde a um segmento nulo no relato”[5]. Não se encontra neste micro-relato nenhuma elipse.
José Manuel Pasadas Figueira Pimenta
Omnes cum Petro ad Jesum per Mariam
[1] D. MARGUERAT – Y. BOURQUIN, Cómo ler los relatos bíblicos, Ed. Sal Terrae, Santander, 2000, 133
[2] Ibidem, 146
[3] Ibidem, 146
[4] D. MARGUERAT – Y. BOURQUIN, Cómo ler los relatos bíblicos, Ed. Sal Terrae, Santander, 2000, 146
[5] Ibidem, 146

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