domingo, 28 de novembro de 2010

Algumas Caracteristicas de Cada um dos Evangelhos Sinopticos

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS

1. PERFIL DO AUTOR

Conforme a mais antiga tradição, foi escrito por um tal João Marcos, filho de uma mulher chamada Maria, que tinha uma casa em Jerusalém. É o que noticia Papias. Em At 12,12 e 12,25, há referência a João Marcos e sua mãe. Serviu como fonte para Lucas e Mateus, tendo ele próprio se utilizado de outras "fontes".

2. COMPOSIÇÃO LITERÁRIA

É escrito em estilo muito simples e com pouca precisão no aspecto histórico. Descuida-se com a sequência cronológica. Tem pouca elaboração teológica. Usa muitas palavras aramaicas, o que mostra sua proximidade dos originais em que se baseou. (Por ex: boanerges 3,17; talita cumi 5, 41; efeta 7, 34; aba 14,36; eloi, eloi l5, 34 ). Mostra ainda resquícios de uma tradição oral.

Diz uma tradição antiga que Marcos escreveu o Evangelho com base na pregação de Pedro. Ele próprio deve ter testemunhado alguns dos fatos narrados. Há um fundamento para esta tradição no próprio evangelho (14,51) que embora não seja prova apodítica, é no mínimo uma grande coincidência.

Há indícios de que tenha sido escrito em Roma. Baseia-se isso sobretudo naquela famosa questão acerca do divórcio (10, 1-12), que era um problema para os romanos naquela época. Há ainda o uso de palavras latinas como 'kenturiôn' para dizer ’centurião’, apenas escrevendo a pronúncia da palavra latina em grego, ao invés de em vez de 'acatoûtarkos', a palavra grega correspondente. Em 12,41 (oferta da viúva), explica o nome da moeda, ao que ela correspondia em latim, para ser entendido pelos romanos. Explica também o nome da sala em que Jesus Cristo foi julgado, isto é, 'pretorion'. O final do escrito provavelmente não é do próprio Marcos, mas talvez acréscimo posterior de algum discípulo dele.

3. OBJETIVO DOUTRINÁRIO

Teologicamente, o evangelho de Marcos quer mostrar que Jesus Cristo é o Messias esperado e prometido. Usa os mesmos títulos messiânicos que eram com frequência usados pelo povo. O ponto culminante do seu evangelho é a confissão de Pedro, em Cesaréia (8, 27-30) e a resposta de Cristo. JESUS CRISTO não declarara antes ser o Messias, por causa do falso conceito de Messias que o povo tinha, o libertador temporal. Tanto assim que na ocasião em que após um milagre a multidão quis aclamá-lo, ele fugiu.
Alguns autores dizem que Marcos usou este "segredo messiânico" para evitar explicações embaraçosas pelo fato de que Cristo, que devia ser o libertador, tinha morrido da maneira que morreu. A história da paixão é apresentada como uma vitória, um fracasso apenas aparente.

4. CRONOLOGIA

Foi o primeiro evangelho a ser escrito. O tempo em que foi escrito não está muito longe da destruição de Jerusalém, que ocorreu em 70 d.C. Apresenta pouca evolução da doutrina cristã e contém pouca reflexão teológica. Deve ter sido escrito entre os anos 60 e 70, mais próximo de 70. É provável que Marcos tenha sido contemporâneo dos acontecimentos da paixão e morte de Cristo.

EVANGELHO SEGUNDO MATEUS

1. DISCUSSÃO ACERCA DA AUTORIA

O primeiro problema que se coloca acerca deste Evangelho é a sua autenticidade. Discute-se a autoria deste evangelho por parte de Mateus. Contudo, o fato é que nenhum dos evangelista colocou o seu nome no escrito. Este primeiro evangelho foi atribuído a Mateus por causa de uma notícia veiculada por Eusébio de Cesaréia, citando Papias, de que "Levi (Mateus) escreveu as palavras do Senhor na língua dos judeus”, e desde então interpretou-se que este escrito cujo autor não fora identificado poderia ser de sua autoria. Esta tradição foi abandonada posteriormente depois de se descobrir que o original deste evangelho foi escrito em grego e não aramaico.

2. PERFIL DO AUTOR

Embora sem ter certeza do nome do autor, verifica-se que este evangelho foi escrito por um cristão vindo do judaísmo, conhecedor da Escritura, fiel à tradição. Sabe-se da sua origem judaica porque este evangelho fala em 'reino dos céus' e não 'reino de Deus', porque os judeus não pronunciavam o nome de Deus. Além disso, dispensa a explicação dos costumes dos judeus, porque era fato corriqueiro para o seu autor, no entanto Marcos explica estes costumes, que para ele eram novidades. Por exemplo, em 24, 20 tem a seguinte passagem: "pedi para que a vossa fuga não seja no inverno nem no sábado. A mesma passagem há em Marcos 13,18, porém sem a parte final ('nem no sábado'), que é um acréscimo de Mateus, por causa do costume judeu.

3. COMPOSIÇÃO LITERÁRIA

Na composição literária deste evangelho, o autor empregou como fontes o próprio Evangelho de Marcos, a fonte Q e outros escritos particulares. Fez um trabalho de compilação bastante pessoal, adaptando e completando as "fontes" com conhecimentos próprios. Ele é chamado 'o homem dos discursos', porque é o que os cita maior número de vezes as fontes.

4. OBJETIVO DOUTRINÁRIO

Do ponto de vista teológico, Mateus tinha em vista mostrar aos judeus que Jesus Cristo é filho de Davi e Abraão, portanto, o Messias de Israel. Cita constantemente o Antigo Testamento. Exorta os fiéis a aceitarem Jesus Cristo como Messias. No tempo em que foi escrito, a Igreja já ultrapassara os limites de Israel. Fala na universalidade da Igreja, à qual são convidados os judeus e mas também todos os outros povos. Termina com a missão universal: "Ide, batizai e pregai a todos os povos...” Do ponto de vista cristológico, considera Jesus Cristo como Rei, Messias que foi rejeitado e criou outro povo, que é a "Ecclesia" (Igreja). Emprega o termo 'kyrios' (Senhor), enquanto os outros usam o termo 'Mestre'.

5. CRONOLOGIA

O tempo em que foi escrito este evangelho varia entre 80 e 100 d.C. Seguramente foi depois de 70, pois pressupõe que já houve a destruição de Jerusalém, e também é posterior ao evangelho de Marcos, pois demonstra grande evolução teológica em relação a este. Foi escrito na Palestina em grego, em bom estilo literário, para leitores de língua grega.

EVANGELHO SEGUNDO LUCAS

1. PERFIL DO AUTOR

Segundo antiga tradição, este Evangelho foi escrito por Lucas, um médico de Antioquia. Ele não foi discípulo de Cristo, deduz-se isto logo no início, pois se coloca fora das testemunhas oculares. Ele teria se encontrado com S. Paulo, em Antioquia. Nos Atos, ele fala muito de Antioquia, sua terra. Paulo fala dele em suas epístolas (Col. 4,14), (Fil, 24) (II Tim 4, 11).

É um bom escritor, vê-se pelo estilo do grego usado no prólogo, considerado um clássico da época. O próprio costume de escrever prólogos, dedicando o livro era costume entre os grandes escritores. Corrige muito o estilo do grego de Marcos, substituindo termos vulgares por palavras mais eruditas. Foi um homem culto. À vista dos acontecimentos da época, procurou relacionar os acontecimentos narrados com fatos conhecidos da história, com detalhes cronológicos.

2. COMPOSIÇÃO LITERÁRIA

Alguns estudiosos procuram ver no seu Evangelho um certo "olho clínico", por ser ele um médico. Vê-se isto, por exemplo, nos episódios da sogra de Pedro, do Samaritano, da hemorroíssa. Enquanto no evangelho de Marcos, ele fala 'que há 18 anos esta mulher sofria deste mal e tinha gasto tudo com os médicos...', Lucas omite este detalhe, certamente defendendo a classe médica.

No prólogo, ele se propõe a escrever um evangelho completo desde o início. Utilizou como fontes o evangelho de Marcos, a fonte Q, além de outras fontes particulares da região onde viveu.

3. OBJETIVO DOUTRINÁRIO

A característica teológica deste evangelho é o Messias dos pobres, humildes, desprezados, doentes e pecadores. Exemplos: em 19, 10, fala em salvar o que estava perdido; em 7, 36-50, traz o relato da pecadora que banhou os pés de Cristo; em 15, 1-32, fala da ovelha perdida, dracma perdida, filho pródigo; em 10, 9-14, fala do publicado e o fariseu; em 16, 19-31, fala do rico avarento e do pobre lázaro; em 11, 41; 12, 33; 14,13; refere-se a esmolas.

Nota-se ainda uma preocupação de Lucas pelo conceito da mulher, valorizando a atuação delas, tendo em vista a situação destas naquela sociedade. Refere-se a Ana, Isabel, as mulheres que acompanhavam os Apóstolos, Maria e Marta de Betânia, a viúva de Naim; a mulher da multidão, que exaltou a mãe de Cristo...E num lugar todo especial está Maria, Mãe de Jesus. Dá tantos detalhes da vida familiar da Sagrada Familia que muitas vezes se pensou que ele a tivesse entrevistado antes de escrever.

Corrige certas referências extraordinárias a respeito de Jesus Cristo que pudessem escandalizar os não judeus (multiplicação dos pães, sogra de Pedro, discussão no caminho... ). Faz a genealogia de Cristo diferente de Mateus, começando por Adão.

4. CRONOLOGIA

O tempo em que foi escrito situa-se entre 70 e 80 d.C.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Jesus causa de debate: a resposta de Neusner a Bento XVI

Mi debate con el Papa por Jacob Neusner
En el Medioevo los rabinos fueron forzados a trabarse en disputas con sacerdotes en la presencia de reyes y cardenales, acerca de cuál era la verdadera religión, el judaísmo o el cristianismo. El resultado estaba predeterminado. Los cristianos ganaron; ellos tenían las espadas. Pero en los años que siguieron a la Segunda Guerra Mundial, las disputas dieron paso a la convicción de que las dos religiones decían la misma cosa y las diferencias entre ambas se desechaban como asuntos de poca importancia. Ahora, en cambio, ha comenzado un nuevo tipo de controversia en la cual la verdad de las dos religiones está sometida a debate. Ello marca el retorno a las viejas disputas, marcadas con la fuerte importancia dada a la verdad religiosa y con la disposición a hacer preguntas difíciles y a esforzarse por hallar las respuestas. Mi libro, “A Rabbi Talks with Jesus” – Un rabino habla con Jesús – fue un ejercicio contemporáneo de esas disputas y ahora, en el 2007, el Papa en su nuevo libro “Jesús de Nazaret” ha recogido el reto punto por punto. Imaginen mi asombro cuando me dijeron que una respuesta cristiana estaba expuesta en su totalidad en la réplica que el Papa Benedicto XVI hacía a “Un rabino habla con Jesús” en el capítulo cuatro de su libro “Jesús de Nazaret”. ¿Los Papas involucrados en diálogos teológicos judío-cristianos? En los tiempos antiguos y medievales las disputas referentes a proposiciones de verdad religiosa definían la finalidad del diálogo entre las religiones, particularmente judaísmo y cristianismo. El judaísmo arguyó vigorosamente, reuniendo argumentos rigurosos construidos sobre hechos de la Escritura común a ambas partes en debate. Narrativas imaginarias, como “Kuzari” de Judah Halevi, construyeron un diálogo entre judaísmo, cristianismo e islam, un diálogo conducido por un rey que buscó la verdadera religión para su reino. El judaísmo ganó la discusión ante el rey de los Khazars, al menos según lo formula Judah Halevi. Pero el cristianismo no menos agresivo buscó aliados en el debate, confiado en el resultado de la confrontación. Tales debates atestiguan a favor de la fe común de ambas partes en la integridad de la razón y en los hechos de las Escrituras que comparten. La controversia se salió de las formas cuando las religiones perdieron la confianza en el poder de la razón para establecer la verdad teológica. Entonces, como en “Nathan the Wise” de Lessing, se hizo afirmar a las religiones una verdad común, y las diferencias entre las religiones eran desestimadas como triviales y no importantes. Un presidente americano dijo: “No importa lo que creas mientras seas un buen hombre”. Entonces los debates entre las religiones perdieron su urgencia. La herencia del Iluminismo con su indiferencia por la pretensión de verdad de las religiones impulsó la tolerancia religiosa y el respeto recíproco en lugar del debate religioso y la pretensión de conocer a Dios. Las religiones aparecían como obstáculos para el buen orden de la sociedad. En los dos últimos siglos el diálogo judío-cristiano sirvió como medio para una política de conciliación social, no para la investigación religiosa de las convicciones del otro. La negociación sustituyó al debate y se pensó que la pretensión de verdad en nombre de la propia religión violaba las reglas de buena conducta. En cambio, en “Un rabino habla con Jesús” tomé en serio la afirmación de Jesús según la cual la Tora se cumplía en Él y sopesé esta afirmación con las enseñanzas de otros rabinos, en un tipo de coloquio entre maestros de la Tora. Y explico, de una manera lúcida y en absoluto apologética, por qué – si hubiese vivido en la Tierra de Israel del primer siglo y hubiese estado presente en el Discurso de la Montaña – no me habría unido al círculo de los discípulos de Jesús. Estoy seguro de que hubiera disentido – espero que de manera cortés – con sólida razón, argumentos y hechos. Si hubiera escuchado lo que dijo en el Sermón de la Montaña, por buenas y sustanciales razones no me hubiera vuelto uno de sus discípulos. Eso es difícil de imaginar, pues es difícil pensar en palabras más profundamente grabadas en nuestra civilización y sus más hondas afirmaciones que en las enseñanzas del Sermón de la Montaña y otros pronunciamientos de Jesús. Pero, también es difícil imaginar escuchar esas palabras por primera vez, como algo sorprendente y exigente y no como meros clichés de la cultura. Eso es precisamente lo que me propongo hacer en mi conversación con Jesús: escuchar y argumentar. Escuchar las enseñanzas religiosas como si fuera la primera vez y responder a ellas con sorpresa y asombro: he ahí la recompensa del debate religioso en nuestros días. Escribí mi libro para dar un poco de luz al porqué, mientras los cristianos creen en Jesucristo y la buena nueva de sus enseñanzas sobre el Reino de los Cielos, los judíos creen en la Tora de Moisés y forman en la tierra y en su propia carne el Reino de Dios de sacerdotes y pueblo santo. Y esa creencia requiere de judíos con fe que discrepen de las enseñanzas de Jesús, basados en que esas enseñanzas en puntos importantes contradicen la Tora. Donde Jesús se desvía de la revelación de Dios a Moisés en el Monte Sinaí, o sea la Tora, está equivocado y Moisés tiene razón. Al sentar las bases para este disenso no apologético, quiero alentar el diálogo religioso entre los creyentes, cristianos y judíos por igual. Por mucho tiempo, los judíos ensalzaron a Jesús como rabino, un judío como nosotros, verdaderamente; pero para los cristianos que tienen fe en Jesucristo esa afirmación es irrelevante. Y por su parte, los cristianos han ensalzado el judaísmo como la religión de la que Jesús vino, lo que difícilmente para nosotros será un cumplido. Hemos evitado poner al descubierto los puntos de sustancial diferencia entre nosotros, no sólo en respuesta a la persona y afirmaciones de Jesús, sino especialmente, en relación a sus enseñanzas. Él afirma reformar y mejorar: “Se os ha dicho… pero yo os digo…” Nosotros mantenemos, y yo argumento en mi libro, que la Tora era y es perfecta, sin necesidad de mejoras; y que el judaísmo fue construido sobre la Tora y los profetas y los escritos, las partes originalmente orales de la Tora escritas en la Mishná, el Talmud y el Midrash – ese judaísmo, era y sigue siendo la voluntad de Dios para la humanidad. En base a ese criterio, propongo plantear una discrepancia judía en algunos puntos importantes de las enseñanzas de Jesús. Es un acto de respeto hacia los cristianos y de honor para su fe. Ya que sólo podemos discutir si nos tomamos recíprocamente en serio. Sólo podemos dialogar si nos honramos a nosotros mismos y al otro. En mi debate imaginario trato a Jesús con respeto, pero es también mi intención discutir con Él sobre las cosas que dice. ¿Qué cosa está en juego aquí? Si tengo éxito al crear un retrato vívido del debate, los cristianos verán las decisiones que hizo Jesús y encontrarán una renovación para su fe en Jesucristo, pero también respecto al judaísmo. Quiero resaltar las decisiones que el judaísmo y el cristianismo enfrentan en las Escrituras que tienen en común. Los cristianos comprenderán el cristianismo cuando reconozcan las decisiones que han tomado, y lo mismo para los judíos con el judaísmo. Quiero explicar a los cristianos por qué yo creo en el judaísmo, y eso debe ayudarlos a ellos a identificar las convicciones fundamentales que los traen a la iglesia todos los domingos. Los judíos fortalecerán su compromiso con la Tora de Moisés, pero también su respeto al cristianismo. Quiero que los judíos entiendan por qué el judaísmo requiere de asentimiento, “el Todo Misericordioso busca el corazón”, “la Tora fue dada solamente para purificar el corazón del hombre”. Ambos, judíos y cristianos deben encontrar en “Un rabino habla con Jesús” las razones a afirmar, porque cada parte encontrará allí los puntos importantes sobre los que reposan las diferencias entre judaísmo y cristianismo. ¿Qué me hace sentir tan seguro del resultado? Que yo creo que cuando ambos lados entienden de la misma manera el asunto que los divide, y ambos con sólidas razones afirman sus respectivas verdades, entonces todos podrán amar y rendir culto a Dios en paz – sabiendo que es el único y el mismo Dios a quien juntos sirven – con sus diferencias. Entonces, es un libro religioso acerca de una diferencia religiosa: una discusión sobre Dios. Cuando mi editor me pidió sugerencias de colegas a quienes solicitar que recomendaran el libro, sugerí al Rabino Jefe Jonathan Sacks y al cardenal Joseph Ratzinger. El Rabino Sacks me había impresionado desde hacía mucho por su astuto y bien articulado modo de escribir sobre temas de teología, siendo el mejor apologista contemporáneo del judaísmo. He admirado los escritos del cardenal Ratzinger sobre el Jesús histórico y le escribí para hacérselo saber. Él me respondió e intercambiamos escritos y libros. Su buena disposición para discutir sobre la cuestión de la verdad, no sólo de políticas y doctrina, me impresionó como valiente y constructiva. Pero ahora Su Santidad ha dado un paso más adelante y ha respondido a mi crítica en un creativo ejercicio de exégesis y teología. En su “Jesús de Nazaret” el debate judío-cristiano entra en una nueva era. Somos capaces de encontrarnos unos a otros en un prometedor ejercicio de razón y crítica. Los retos del Sinaí nos conducen conjuntamente hacia la renovación de una tradición de 2000 años de antigüedad de debates religiosos al servicio de la verdad de Dios. Alguien alguna vez me llamó la persona más contenciosa que jamás había conocido. Ahora he encontrado mi contrincante. El Papa Benedicto XVI es otro buscador de la verdad. Estamos viviendo tiempos interesantes.
El comentario de Neusner en original inglés, en el sitio web del "Jerusalem Post": > My argument with the pope

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Peculiaridades

Mc – o peculiar

Uma multidão à beira-mar – 3,7-12
A parábola da semente que cresce – 4,26-29
A cura de um surdo e gago – 7,31-37
Jesus é seguido por um jovem – 14,51-52
Jesus aparece a dois discípulos – 16,12-13
(O final breve – 16,9)

Lc – o peculiar

Dedicatória a Teófilo – 1,1-4
O anúncio do nascimento de João Baptista – 1,5-25
Predito o nascimento de Jesus – 1,26-38
Maria visita a Isabel – 1,39-45
O cântico de Maria – 1,46-56
O nascimento de João Baptista – 1,57-66
A profecia de Zacarias – 1,67-80
Os pastores e os anjos – 2,8-21
A apresentação de Jesus no templo – 2,22-38
A volta para Nazaré – 2,39-40
Jesus no templo – 2,41-52
A ressurreição do filho da viúva de Naim – 7,11-17
Jesus na casa de Simão, o fariseu – 7,36-50
As mulheres que acompanhavam Jesus – 8,1-3
Os samaritanos não recebem Jesus – 9,51-56
A missão dos setenta e dois – 10,1-12
A volta dos setenta e dois – 10,17-20
O bom samaritano – 10,25-37
Jesus visita Marta e Maria – 10,38-42
A verdadeira felicidade – 11,27-28
Jesus adverte contra a hipocrisia – 12,1-3
A parábola do rico tolo – 12,13-21
Arrepender-se ou morrer – 13,1-5
A parábola da figueira sem figos – 13,6-9
Jesus cura uma mulher aleijada – 13,10-17
A cura do hidrópico – 14,1-6
Humildade e hospitalidade – 14,7-14
A parábola do dracma perdida – 15,8-10
A parábola do filho perdido – 15,11-32
A parábola do administrador desonesto – 16,1-13
O rico e Lázaro – 16,19-31
Jesus cura dez leprosos – 17,11-19
A parábola da viúva e do juiz – 18,1-8
A parábola do fariseu e do cobrador de impostos – 18,9-14
Jesus e Zaqueu – 19,1-10
A necessidade de vigiar – 21,34-38
O plano para matar Jesus – 22,1-6
Quem é o maior? – 22,24-30
Bolsa, alforge e espada – 22,35-38
Jesus diante de Herodes – 23,6-12


Mt – o peculiar

A visita dos magos – 2,1-12
A fuga para o Egipto – 2,13-15
A matança dos meninos de Belém – 2,16-18
A volta do Egipto – 2,19-23
Ensino a respeito da Lei – 5,17-20
Ensino a respeito da ira – 5,21-26
Ensino a respeito do adultério – 5,27-30

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O Jesus de São Mateus vs a Torá do Sinai segundo Rabi Jacob Neusner

“La Torá era y es perfecta y no puede mejorarse, y que el judaísmo edificado sobre la Torá y los profetas y los escritos (...) ese judaísmo era y sigue siendo la voluntad de Dios para la humanidad”

In, Mi debate con el Papa por Jacob Neusner
(
http://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/147421?sp=y)


O livro do rabino Jacob Neusner, Um rabino fala com Jesus, com o qual Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, dialoga no seu livro Jesus de Nazaré, situa o mesmo rabino no tempo de Jesus, tendo como base e ponto de partida o Evangelho de São Mateus por o considerar o mais judaico de todos, sendo o de São São João o mais anti-judaico uma vez que este denota um grande ódio ao judeus. Poderíamos tentar rebater esta ideia do Rabino Neusner em dois pontos, pois o Evangelho de São Mateus, como sabemos, é uma apologia de Jesus que O situa como o novo Moisés, como o novo e definitivo David e ainda como o Messias de Deus n’O qual se cumprem a promessa e a Aliança (nova) de Deus. No sentido, em que é uma apologia do cristianismo, face às acusações que os judeus levantavam aos cristãos, poderíamos dizer que o Evangelho de Mateus é, neste sentido, o mais “anti-judaico”, pois pretende pôr em questão aquilo que o judaísmo só poderia negar: um Messias crucificado e desconhecido de todos. Enquanto que o Evangelho de São João, escrito fora de Jerusalém e atribuído a São João, se encontra organizado de um modus operandi profundamente judaico basta pensar para isso que este IV Evangelho se encontra temporal e geograficamente estruturado com base nas mais importantes festas judaicas; os motivos são eminentemente judaicos; a simbologia e a numerologia; as referências bíblicas fundamentais. Assim sendo, o IV Evangelho, não tendo um estilo marcadamente apologético ainda que também o seja, seria tão ou até mais judaico que o do próprio São Mateus, mas não podemos afirmar de todo tal conclusão.
Mais importante que esta questão, pois ambos os Evangelhos são em certo sentido judaicos mas ao mesmo tempo são a sua superação e cumprimento. O importante aqui é o facto de Jacob Neusner escolher e reconhecer no seu diálogo que o Evangelho de São Mateus é profundamente judaico, ou seja, que se situa num diálogo apologético com o judaísmo. Mas o que está na origem do cristianismo é um encontro com Jesus (p.41), e como tal aqui reside a sua diferença essencial. Assim procuramos nesta síntese pôr em evidência as razões fundamentais pelas quais Neusner não seguiria Jesus e se manteria fiel ao Israel Eterno. Razões estas que nos provocam enquanto cristãos e enquanto leitores de São Mateus, pois é daí que o rabino Neusner parte, ou seja, dos ensinamentos contidos no Evangelho de São Mateus, principalmente, no Sermão da Montanha.
Jacob Neusner considera que quando Jesus sobe ao monte para iniciar o Seu Sermão da Montanha (Mt 5-7), assim chamado, comporta-se como um Rabino para falar sobre a Torá, mas para o rabino Neusner há que distinguir nos sentidos quando dizemos ‘torá’ ou ‘Torá’, pois quando dizemos ‘Torá’, com letra maiúscula, falamos da revelação de Deus; quando falamo de ‘torá’ falamos do ensinamento de Moisés (p.43). Ora, segundo Neusner a torá de Jesus não é a torá Moisés. Na verdade, há um grande equívoco neste aspecto, pois a Torá é o critério de verdade legítimo para contestar Jesus, porque a Torá é o contrário dos Seus ensinamentos (pp.44-45). Ora, a Torá é a norma/critério para um debate sério entre o judaísmo e o cristianismo, por três razões: a) o que está em causa é saber se os ensinamentos de Jesus fazem parte da Torá; b) a crítica/discussão faz parte da Torá, do seu estudo, sendo o Talmude da Babilónia um exemplo disso mesmo, ou seja, da dimensão racional e razoável da fé do Israel Eterno como lhe chama Nuesner (pp.50-53); c) É necessário ter consciência de que para alguns Jesus é Deus encarnado, por isso não é sincero oferecer um posto no juadaísmo (mestre, rabino, profeta etc) a Jesus, ao mesmo tempo que a Torá deve ser identificada com o juadaísmo (pp.55-56). Neusner considera em primeiro lugar que no Sermão da Montanha encontram-se os ensinamentos (torá) de Jesus com os quais se pode dialogar (pp.59-60). No entanto afirma a Torá do Sinai contra o Jesus de Mateus, porque na verdade Jesus ensina a Sua Torá. Ora, é preciso ter em atenção o aspecto de que ‘Torá’ está em maiúsculas, pois Neusner pretende já evidenciar a diferença, ou seja, Jesus coloca-se numa posição de afastamento do judaísmo, pois a Sua Torá pretende superar a Torá do Israel Eterno e ao mesmo tempo que se quer dizer Divina (p.60). Contudo Jacob Neusner considera que Jesus, na sua ‘torá’ manda violar três mandamentos da Torá judaica.
Neusner refere que quando cumpro os mandamentos, aceito a autoridade de Deus e por isso vivo no Seu Reino, ou seja, vivo aqui na terra o Reino de Deus, isto é, uma vida santa. Ora, na Torá de Jesus existem partes coincidentes com a fé de Israel. Assim, considera Neusner que o Sermão da Montanha está em consonância com a Torá, por isso porque razão haveriam de ser perseguidos por seguir Jesus, pergunta Jacob Neusner? (pp.61-62). Quanto ao completar a Torá, Jacob Neusner entende que esta determinação deve ser entendida na linha da tradição judaica, ou seja, tendo-a recebido tem o dever de a transmitir renovando-a, lendo-a de um modo novo (pp.62-63). Assim, o que Jesus faz é radicalizar, tal como outros sábios de Israel o fizeram, e conduzir ao aprofundamento da Torá (pp.65-66), ou seja, receber e transmitir a Torá ensinando, explicando, ampliando e enriquecendo-a. Na verdade é isto que fazem os Seus ensinamentos (p.68), porque na verdade a Torá não precisa de ser completada. Ela serve ao Israel Eterno tal como foi dada por Deus.
Apesar desta consonância entre a ‘torá’ de Jesus e a Torá dada ao Israel Eterno, há um elemento que no discurso de Jesus parece estar em contradição com o ensinamento da Torá: não resistir ao mal. Ora, é um dever religioso oferecer resistência ao mal. Amar a Deus e resistir ao Seus inimigos. A Torá nada diz sobre a não resistência ao mal, pois segundo Neusner «a passividade frente ao mal serve a causa do mal», antes pelo contrário a Torá aprova a guerra e o poder legítimo (p.68). Por isso é surpreendente a afirmação de Jesus sobre a não-resistência ao mal (p.68). Com isso não se pense que existe na Torá um mandamento para odiar os inimigos, porque não existe. O que existe na torá dos rabinos é um apelo a que se odeie o mal não quem o pratica (p.69). Mas os inimigos de Deus são outra coisa e contra esses a Torá diz-nos para lutar contra eles (p.69).
Relativamente a este aspecto Neusner considera que Jesus no seu Sermão não estava a falar na justiça pública, mas na relação dos discípulos entre si (p.69). Jesus não se dirige ao Israel Eterno, que é um povo, uma nação (constituída no Sinai), uma sociedade, mas aos seus discípulos (p.70). Jesus não fala para a comunidade, para o Estado, para uma ordem social duradoura como a compreende o Israel Eterno, mas para um conjunto de pessoas (p.70). No fundo, diz-nos Neusner, espera-se de Jesus uma mensagem para o Povo de Deus, não para um grupo de pessoas que até fazem parte do Israel Eterno. O que é contraditório é que o conteúdo da mensagem de Jesus é da ordem do indivíduo, ou seja, é individual. Mas, e aqui está uma razão para não seguir Jesus, o Israel Eterno possui um ensinamento (‘torá’) que diz que Deus quer o bem do Seu Povo (p.71). Ora, o equívoco de Jesus está na passagem do ‘Nós’ para o ‘eu’ em particular no seu ensinamento (‘torá’).
Um mestre da Torá é julgado pela Torá (p.71). Neste sentido, considera o rabino Neusner, o que é desconcertante é quem um mestre da Torá diga em Seu nome o que a Torá diz em nome de Deus. Pois, uma coisa é ensinar um aspecto da Torá outra coisa é a Torá dizer uma coisa e eu dizer outra, e Jesus faz precisamente isso: «eu porém digo…». Jesus anuncia em próprio nome o que Deus propõe no Sinai (p.71-72), ou seja, que espécie de ensinamento (‘torá’) é este que melhora a Torá sem reconhecer a fonte – Deus – desse ensinamento, pergunta Neusner (p.72). Jesus coloca-se no lugar de Deus e no lugar da Torá (dirá Bento XVI que Jesus é a nova Torá confirmando assim as suspeitas do rabino Neusner). Por isso, o que preocupa não é a mensagem, mas o mensageiro que não se apresenta como um sábio nem como profeta (p.72), que «ensina como quem tem autoridade» ao contrário de Moisés, cuja autoridade vem de Deus. Jesus parece colocar-se no lugar da Torá (p.73). Por isso não é a Sua mensagem que está em causa, mas Ele próprio (p.73), porque no Sinai Deus falou por Moisés, no Monte, ao qual Jesus subiu para proferir o Seu discurso, Jesus fala em nome próprio (p.73). Neste monte, alerta Neusner, Jesus fala não ao Israel eterno, mas a ouvintes específicos, e fala não como os escribas (os de fora) [‘deles’, é um acrescento, pois conta no Evangelho de Mateus, nosso do qual Neusner está consciente] mas com quem tem autoridade (p.73).
No Sermão Jesus ao falar dos mandamentos fala referindo-se à vida privada, à consciência, por isso o ensinamento de Jesus vai contra o que somos e quem somos – o Israel Eterno – comunidade de famílias, Povo de Deus (Qahal) (p.80). O Sermão da Montanha dirige-se à consciência individual, mas a dimensão da comunidade e da família ficam omitidas. Ao mesmo tempo que a oração nesta ‘torá’ de Jesus representam só a vida interior (p.81). Mas existem pois dois mandamentos que dizem respeito à comunidade: santificar o sábado (3º) e honrar pai e mãe (4º) (p.83). Jesus manda violar precisamente estes dois mandamentos. No 3º mandamento está em causa a santificação do espaço na natureza, o que o parece pôr em causa no discurso de Jesus está afirmado em Mateus 10, 34-37 em que Jesus afirma que não veio trazer a paz, mas a espada e que o filho vai ser separado do pai (p.84). Relativamente ao 4º mandamento Jacob Neusner refere que Jesus manda violar este mandamento quando impõe como condição para o seguir que seja necessário deixar pai e mãe, irmãos e irmãs, ou seja tenho de pôr esse chamamento acima do amor dos pais, dos irmãos. Então onde fica o Israel Eterno, pergunta Neusner? Para seguir Jesus tenho de violar um dos mandamentos? (p.84).
Em síntese as razões pelas quais Neusner não seguiria Jesus e se manteria fiel ao Israel Eterno, devem-se em primeiro lugar ao facto de Jesus apresentar uma Torá em nada coincidente com a Torá dada por Deus ao Israel Eterno, antes pelo contrário Jesus, pondo-se no lugar de Deus, apresenta uma Torá que visa a substituição daquela que Deus deu a Moisés. Ao mesmo tempo esta Torá de Jesus não se dirige ao Israel Eterno, antes se dirige ao indivíduo que deve seguir Jesus mesmo que para isso seja necessário violar um dos mandamentos ou vários (3º, 4º). Esta é uma ‘torá’ que nada tem que ver com o Israel Eterno por isso não pode ser possível segui-la pois ela visa não o aprofundamento do Torá do Sinai, mas a sua superação, a sua substituição. Segui-la seria negar o Israel Eterno, ao qual o rabino Jacob Neusner considera dever permanecer fiel.

DISCURSO ECLESIAL S. MATEUS 18

O evangelho de Mateus trata da questão eclesial fazendo referência a tres grandes temas
 1-Jesus o novo Israel
 2-Acristologia
 3-A Igreja, e os discipulos
O evangelista é diferente de  Marco quando fala da Igreja e dos seus responsavel. O seu evangelho termina com a proclamação da missão universal, (28,16-20). Para Mateus, a Igreja se constroi vivendo e promandoa Jesus que reune  todas as nações do mundo e as submete pelo baptismo na sua morte e ressurreição para os fazer participar da vida do Pai no Espirito. A Igreja subsiste pela presença (18,2.20) "no meio dela" de Cristo seu Senhor cujo o rosto humano e divino se procurará sempre. Se desenvolve numa tensão onde cresce a esperança de se reunir com Ele no Reino do Pai prefigurado pela eucaristia (26,29). A Igreja é o verdadeiro Israel, sómente na medida em que se deixe  eclipsar depois da pessoa de Jesus testemunhando fielmente que Israel se encontra realizado no Filho do Homem. A vocação da Igreja não é diferente ( missão de Israel de anuncio e incarnação e vinda do Messias até a consumação 28,20) visto que o plano  divino de salvação é unico mas também se situa a luz do cumprimento ja realizado na morte e ressurreição de Jesus.
            A Igreja não se pode isntalar como se ja tivesse praticado todos os ensinamentos de Jesus como se vivesse perfeitamente as bem-aventuranças e a Justiça super abundante como se ja não tivesse nada que esperar do senhor. Mateus verdadeiro filho de Israel se dava conta de tudo isto. Por isso, não idealiza a comunidade cristã. Nunca a identifica com o Reino de Deus, cuja a proximidade proclama. Convida os seus leitores a se converterem juntamente ao Senhor vivo, quer dizer a se fazerem como os pequninos (18,3-4) para entrarem no reino dos céus. Os conduz a redescubrirem a humildade de uma Igreja de pouca fé que recebe em pleno rosto a contestação de um mundo esfarrapado que ja não tem mais segurança senão a da presença de Jesus que  institiu apenas uma vocação; a do Reino.  Portanto, notamos como é claro que o evangelho de Mateus é visto como o "evangelho eclesial ". Naõ só por ser o único que fala da Igreja (16,18;18,17) senão sobretudo porque sua composição literária e seu pensamento teologico estão modelados para esta realidade viva do Reino dos céus que vem morar entre os homens

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Sermão da Montanha de São Mateus segundo Zefirelli




Nesta cena do filme «Jesus de Nazaré» de Franco Zefirelli temos, na belíssima e poderosa interpretação de Robert Powell, parte do Sermão da Montanha (Mt 5-7), a saber: as Bem-aventuranças (como seu pórtico) e a oração do Pai-nosso que é o coração deste discurso de Jesus. Powell "encarna" como nenhum outro a figura mateana de Jesus. Sem dúvida um filme único, brilhante e de uma força narrativa única. Nesta cena é impressionante o olhar, a voz e a expressão corporal de Jesus que concorrem para um densidade dramática única.

Ainda uma nota histórica sobre o filme e o seu autor: Jesus de Nazaré (Gesù di Nazareth ou Jesus of Nazareth) é uma minisérie italo-britânica exibida nos cinemas em 1977, dirigida cujo por Gianfranco Corsi, mais conhecido como Franco Zeffirelli (Florença, 12 de fevereiro de 1923). Também foi cenógrafo e director de teatro, tendo alcançado o sucesso nos anos cinquenta, montando óperas líricas. É também político, tendo sido eleito senador (1996 a 2001) pela Catânia, filiado ao partido Força Itália.

A parábola do Filho Pródigo (Lc 15: 11-32) segundo Zefirelli



«11Disse ainda: «Um homem tinha dois filhos. 12O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde.’ E o pai repartiu os bens entre os dois. 13Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por lá esbanjou tudo quanto possuía, numa vida desregrada. 14Depois de gastar tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações. 15Então, foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o mandou para os seus campos guardar porcos. 16Bem desejava ele encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 17E, caindo em si, disse: ‘Quantos jornaleiros de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! 18Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; 19já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus jornaleiros.’ 20E, levantando-se, foi ter com o pai.Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos. 21O filho disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho.’ 22Mas o pai disse aos seus servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés. 23Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, 24porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.’ E a festa principiou. 25Ora, o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se de casa ouviu a música e as danças. 26Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. 27Disse-lhe ele: ‘O teu irmão voltou e o teu pai matou o vitelo gordo, porque chegou são e salvo.’ 28Encolerizado, não queria entrar; mas o seu pai, saindo, suplicava-lhe que entrasse. 29Respondendo ao pai, disse-lhe: ‘Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos; 30e agora, ao chegar esse teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, mataste-lhe o vitelo gordo.’ 31O pai respondeu-lhe: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.’»

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A genealogia de Jesus por Arvo Pärt



... which was the son of ...

1. And Jesus himself began to be about thirty years of age, being (as was supposed) the son of Joseph, which was the son of Heli,
2. Which was the son of Matthat, which was the son of Levi, which was the son of Melchi, which was the son of Janna, which was the son of Joseph,
3. Which was the son of Mattathias, which was the son of Amos, which was the son of Naum, which was the son of Esli, which was the son of Nagge,
4. Which was the son of Maath, which was the son of Mattathias, which was the son of Semei, which was the son of Joseph, which was the son of Juda,
5. Which was the son of Joanna, which was the son of Rhesa, which was the son of Zorobabel, which was the son of Salathiel, which was the son of Neri,
6. Which was the son of Melchi, which was the son of Addi, which was the son of Cosam, which was the son of Elmodam, which was the son of Er,
7. Which was the son of Jose, which was the son of Eliezer, which was the son of Jorim, which was the son of Matthat, which was the son of Levi,
8. Which was the son of Simeon, which was the son of Juda, which was the son of Joseph, which was the son of Jonan, which was the son of Eliakim,
9. Which was the son of Melea, which was the son of Menan, which was the son of Mattatha, which was the son of Nathan, which was the son of David,
10. Which was the son of Jesse, which was the son of Obed, which was the son of Booz, which was the son of Salmon, which was the son of Naasson,
11. Which was the son of Aminadab, which was the son of Aram, which was the son of Esrom, which was the son of Phares, which was the son of Juda,
12. Which was the son of Jacob, which was the son of Isaac, which was the son of Abraham, which was the son of Thara, which was the son of Nachor,
13. Which was the son of Saruch, which was the son of Ragau, which was the son of Phalec, which was the son of Heber, which was the son of Sala,
14. Which was the son of Cainan, which was the son of Arphaxad, which was the son of Sem, which was the son of Noe, which was the son of Lamech,
15. Which was the son of Mathusala, which was the son of Enoch, which was the son of Jared, which was the son of Maleleel, which was the son of Cainan,
16. Which was the son of Enos, which was the son of Seth, which was the son of Adam, which was the son of God.

Luke 3:23-38

terça-feira, 16 de novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A entrada de Jesus em Jerusalém

1-Estando próximos de Jerusalém, perto de Betfagé e de Betânia, junto ao Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois dos seus discípulos 2e disse-lhes: «Ide à povoação que está em frente de vós e, logo que nela entrardes, encontrareis um jumentinho preso, que ainda ninguém montou. Soltai-o e trazei-o. 3E se alguém vos perguntar: ‘Porque fazeis isso? ‘respondei: ‘O Senhor precisa dele;’ e logo o mandará de volta.» 4Partiram e encontraram um jumentinho preso junto de uma porta, do lado de fora, na rua, e soltaram-no. 5Alguns que ali se encontravam disseram-lhes: «Que é isso de soltar o jumentinho?» 6Responderam como Jesus tinha dito e eles deixaram-nos ir. 7Levaram o jumentinho a Jesus, lançaram-lhe por cima as capas e Jesus montou nele. 8Muitos estenderam as capas pelo caminho; outros, ramos de verdura que tinham cortado nos campos. 9E tanto os que iam à frente como os que vinham atrás gritavam:
Hossana!
Bendito seja o que vem em nome do Senhor!
10Bendito o Reino do nosso pai David que está a chegar.
Hossana nas alturas!



1. Os limites do texto

Delimitação do texto

O início do texto começa logo por situar o relato nas proximidades de Jerusalém (« Estando próximos de Jerusalém, perto de Betfagé e de Betânia, junto ao Monte das Oliveiras») v.1; «Partiram e encontraram um jumentinho» v.4).


Também o tema – a entrada de Jesus em Jerusalém – delimita o trecho, bem como as personagens, que são Jesus, os discípulos e a população (« tanto os que iam à frente como os que vinham atrás gritavam»v.9), sendo que esta está ausente tanto nos relatos anteriores como nos posteriores.



A sequência narrativa
Jesus certamente estava «a caminho» de Jerusalém, de modo a encontrar-se no início deste relato perto de «Jerusalém, de Betfagé, e Betania, junto ao monte das Oliveiras» (v.1).
Este relato, da mesma forma, prepara os que se lhe seguem, Jesus, e que se situam em Jerusalém. Como tal, o narrador mostra-nos em primeiro Jesus a caminho de Jerusalém.

Acontecimentos que são peculiares a Mateus

A visão de Mateus (1:20-24), a visita dos Magos(2:1-12),a fuga para o Egito (2:13-15), o massacre das crianças (2:16), o sonho da esposa de Pilatos (27:19), a morte de Judas (27:3-10) , o suborno dos guardas (28:15-18), a comissão para o batismo de discípulos(28:19-20).

Parábolas, são peculiares a Mateus:

Do joio (13:24-30, 36-43), o tesouro escondido (13:44), a pérola (13:45-46), arede (13:47), o servo sem misericórdia (18:23-35), os rabalhadores na vinha(20:1-16), os dois filhos (21:28-32), o casamento do filho do rei (22:1-13), as dezvirgens (25:1-13), os talentos (25:14-30).

Milagres, apenas três são peculiares a Mateus.

Os dois homens cegos (9:27-31), o surdo endemoniado (9:32-33), a moeda naboca do peixe (17:24-27), Os milagres aparecem mais como prova do poder de Jesus do que para dar seqüência à narrativa.

É um Evangelho Tópico

Mateus não tem uma preocupação cronológica em relação aos eventos por ele registrados. Ele agrupa e organiza seu material com um propósito definido. O Sermão do Monte (5-7), os milagres de Jesus (8-9), as paraábolas (13), Jesus se dirige aos apóstolos (10), os ensinos sobre o Reino (17.24-20.16), o ensino escatológico (25-25) e conclui com a morte e ressurreição de Jesus. Isto explica as várias diferenças narrativas entre ele os demais evangelistas.

É um Evangelho Conciso

Outra característica deste Evangelho comparado, por exemplo, com Marcos é que suas narrativas são geralmente mais concisas. Tais comparações podem ser feitas no registro da morte de João o Batista (Mt 14.3-12; Mc 6.14-21; Mc 9.14-29).

É um Evangelho Docente

As duas características acima mencionadas levam muitos estudiosos a pensar que Mateus tinha como objectivo fornecer um material catequético para recém convertidos, ou servir de manual para os líderes das comunidades que se expandiam rapidamente, servindo de leitura litúrgica (como o AT nas Sinagogas) e homilética nos encontros dos cristãos. Denota-se uma certa preocupação por parte de Mateus em organizar seu material de maneira que pudesse ser mais facilmente memorizado e assim facilitaria o aprendizado dos novos convertidos.

Os milagres em Marcos: uma dança a “seis tempos” [um olhar sobre Mc 5,35-43]

Lendo os milagres relatados no Evangelho de Marcos podemos encontrar um esquema literário que constantemente se vai repetindo. De facto, esta é uma estratégia literária que torna mais fácil guardar um relato na memória e no coração e depois comunica-lo a outros. Há uma tipificação dos milagres em seis passos. Vejamos esta estrutura no relato da ressurreição da filha de Jairo operado por Jesus, apresentado pelo nosso autor em duas partes: uma em Mc 5, 21-24 e outra em Mc 5, 35-43.

O primeiro passo desta estrutura é caracterizado pelo abeirar do doente ou de uma personagem que pede a cura para alguém. Na primeira parte deste relato, mais precisamente em Mc 5,22, vemos Jairo a tomar a iniciativa e a ir ao encontro com Jesus, que acabara de desembarcar.

Segue-se o momento da petição. Jairo não veio com a multidão apenas para ver ou ouvir Jesus. O eminente perigo de morte da sua filha leva-o a ajoelhar-se aos pés de Jesus e a rogar-lhe afim de que coloque as mãos sobre ela para que ela viva (cf. Mc 5,23).

O terceiro passo é caracterizado pela presença e o galgar de um obstáculo, vencido pela demonstração da fé. Na segunda parte desta narração (Mc 5,35-43) este chefe da sinagoga é confrontado com a notícia da morte da filha trazida alguns da sua casa, que assim o tentaram demover da esperança que lhe restava, pois pensam já não haver nada a fazer visto que Jesus e Jairo demoraram-se mais do que o devido (cf. a cura, entretanto realizada em Mc 5,25-34, da mulher que sofria de uma hemorragia). Porém, a fé deste homem é fortalecida com as palavras de Jesus: “Μὴ φοβοῦ, μὀνον πίστευε”.

Outro passo desta estrutura é o agir de Jesus por palavras ou por gestos. Esta epifania do poder de Jesus realiza-se neste episódio no tomar a menina pela mão e pelas palavras a ela dirigidas: “Ταλιθα κουμ” (Mc 5,41).

Imediatamente somos conduzidos ao penúltimo passo, o efeito desta acção. Do agir “vital” de Jesus a menina levanta-se, como se daquele “sonho” despertasse, e começa a deambular (Cf. Mc 5,42).

Esta estrutura narrativa fica completa com a reacção despoletada. O caso não era para menos. Aqueles que choravam (cf. Mc 5,39), que se riram de Jesus (cf. Mc 5,40), e todos os outros que observaram o milagre “ficaram de sobremaneira admirados”, a ponto de Jesus lhes ordenar, com muito insistência (“διεστεἰλατο αὺτοῖς πολλἀ”), para que não contassem nada disto a ninguém (Cf. Mc 5,43).

No enquadramento de Lucas 14,1-6 [análise do espaço e do tempo]

Numa leitura atenta deste passo do Evangelho de Lucas, que nos reporta à cura de um hidrópico a um sábado, importa também olharmos ao enquadramento desta narração. Nele o leitor atento, ao dar-se conta da atmosfera criada na qual a história se desenrola, desenvolve uma relação mais próxima com o texto e com a mensagem que nele se “pinta” e que se quer dar a conhecer.

O espaço

Foquemos o nosso olhar para as coordenadas espaciais nas quais se desenrola a acção.

A nível topográfico, no que respeita à localização da casa onde Jesus se encontra, nenhum dado explícito é-nos oferecido pelo texto. Porém, tendo em atenção que no capítulo anterior Jesus se encaminha determinadamente em direcção a Jerusalém, com o risco de perder a sua própria vida (cf. Lc 13,22 e Lc 13,31-33), e que em passos posteriores a este em análise Jesus encontra-se ainda em viagem pelo meio da Samaria e da Galileia (cf. Lc 17,11) declarando em Lc 18, 31 a intenção de subir para Jerusalém com os doze, o que se realiza em Lc 19,29 onde Jesus se encontra em Betfagé, Betânia, poderemos dizer que a casa deste fariseu situa-se algures entre região da Samaria ou da Galileia.

A acção, onde o leitor é também convidado a entrar, decorre dentro de uma οἶκός de um dos líderes dos fariseus. É nesta casa que o autor bíblico quer enquadrar a mensagem de Jesus. Em poucos versículos o leitor é convidado a mover constantemente o seu olhar em movimentos horizontais e circulares e, de um modo curioso, a olhar constantemente para Jesus e para os convivas presentes. Os verbos da narração e do diálogo a isso nos convidam - Jesus “entrou na casa”; as pessoas que lá estavam “olhavam para Jesus com muita atenção”; Jesus vê “diante de si” (ἔμπροσθεν αὐτοῦ) um hidrópico; dirige-se para ele; depois fala para os mestre da lei e os fariseus; estes ficam quietos, nada dizem (οἰ δὲ ἠσύχασαν); Jesus “toma” o doente, “cura-o” e “despediu-o”; e no final Jesus fala-lhes novamente; eles não conseguem responder-lhe. É interessante reparar neste pormenor espacial onde decorre este episódio, a οἶκός do fariseu. É na casa deste homem, fiel à ortodoxia judaica, cumpridor das suas leis, que Jesus suscita a conversa em torno da proibição de curar ao sábado, e ainda por cima, transgride essa própria lei.

O tempo

Dedicando-nos agora à coordenada temporal, é-nos dito explicitamente o momento factual no qual a acção se desenvolve: era um sábado, à hora de uma refeição (σαββάτῳ φαγεῖν).

Podemos dizer também que estamos perante uma cena, pois trata-se uma unidade de acção passada num único local, num determinado momento. A velocidade da narração deste passo evangélico é feita a uma velocidade normal, em que o tempo do relato é traçado sobre a história.

O relato desta cena evoca ainda ao leitor uma outra cura operada anteriormente por Jesus a um sábado, numa sinagoga (Cf Lc 13,1-17). Assim, Lc 14,1-6 é um relato iterativo.

É de salientar que outros elementos de ordem narrativa, como as analepses ou as prolepses, não se encontram neste relato.

domingo, 14 de novembro de 2010

A mulher com o frasco de alabastro, por Arvo Pärt




The Woman with the Alabaster Box

6. Now when Jesus was in Bethany, in the house of Simon the leper,
7. There came unto him a woman having an alabaster box of very precious ointment, and poured it on his head, as he sat at meat.
8. But when his disciples saw it, they had indignation, saying, To what purpose is this waste?
9. For this ointment might have been sold for much, and given to the poor.
10. When Jesus understood it, he said unto them, Why trouble ye the woman? for she hath wrought a good work upon me.
11. For ye have the poor always with you; but me ye have not always.
12. For in that she hath poured this ointment on my body, she did it for my burial.
13. Verily I say unto you, Wheresoever this gospel shall be preached in the whole world, there shall also this, that this woman hath done, be told for a memorial of her.

Matthew 26: 6-13

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Os milagre no Evangelho de São Marcos

Este percurso segundo P.J. Achtmeier realça os milagres anteriores a Marcos. O autor insiste segundo suas pesquisas que existem milagres anteriores a Marcos que circulam em forma de duas grelhas idênticas em disposição, mas diferentes no conteúdo


1ª grelha

4,35-5,43; 6,34-44.53

tempestade acalmada, 4,35-41
endemoniado geraseno, 5, 1-20
Cura da hemorroísa, 5, 25-42
Filha de Jairo, 5, 21-23.35-43
1ª multiplicação dos pães
para os6,34-44.53


2ª grelha

6,45-51; 8,22,26; 7,24b-30.
32-37; 8,1-10

Jesus caminha sobre o mar, 6,45-51
Cego de Betsaida, 8,22-26
Siro-fenício, 7,24b-30
Cura do surdo gago, 7,32-37
2ª Multiplicação dos pães
Para os 4000, 8,1-10

Finalmente percebemos estes dados mediante análises linguísticos e literários: a primeira grelha 4,35; 5,21c; 24.33ª e 6,34bc são provavelmente redacionais; 5,24 e 6,34 são manifestamente; são redacionais na segunda grelha, 6,45c.50c.51b;7,36 e 8,1ª. A comunidade que transmitiu as duas grelhas fundava a sua reflexão nas tradições do Judaísmo (helénico) referentes a Moisés; via em Jesus terreno um homem divino (theios aner) comparável a Moisés, e concebia a eucaristia como uma epifania. Era semelhante a comunidade de Corinto.
Mediante a redacção dos versículos anteriormente indicados, a inserção de algumas unidades literárias e algumas modificações na disposição permite distinguir etapas na formação do evangelho e captar melhor por contraste, a teologia do evangelho. cf (Evangelios Sinópticos y Hechos de los apostolos), pg.85.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Análise Narrativa 4.4

Doentes
(leprosos, cegos, possessos de satanás, coxos, paralíticos…)


1: 21-24 (1ª Pergunta do Evangelho)

«21Entraram em Cafarnaúm. Chegado o sábado, veio à sinagoga e começou a ensinar (…)23Na sinagoga deles encontrava-se um homem com um espírito maligno, que começou a gritar: 24"Que tens a ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar? Sei quem Tu és: o Santo de Deus”.»

5: 6-7 (Cura de um possesso de Gerasa de nome “Legião”)

«6Avistando Jesus ao longe, correu, prostrou-se diante dele 7e disse em alta voz: “Que tens a ver comigo, ó Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te, por Deus, que não me atormentes!”»

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Análise Narrativa 4.3

Amigos de Jesus
(discípulos, multidão…)


4: 38-39 (Jesus acalma a tempestade)

«38Jesus, à popa, dormia sobre uma almofada. 39Acordaram-no e disseram-lhe: “Mestre, não te importas que pereçamos?”»

4: 41 (Jesus acalma a tempestade)

«1E sentiram um grande temor e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”»

5: 35 (Ressurreição da filha de Jairo)

«35Ainda Ele estava a falar, quando, da casa do chefe da sinagoga, vieram dizer: “A tua filha morreu; de que serve agora incomodares o Mestre?”»

6: 37 (1ª Multiplicação dos pães)

«37Jesus respondeu: «Dai-lhes vós mesmos de comer.» Eles disseram-lhe: “Vamos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer?”»

8: 4 (2ª Multiplicação dos pães)

«4Os discípulos responderam-lhe: “Como poderá alguém saciá-los de pão, aqui no deserto?”»

9: 11 (Vinda de Elias)

«11E fizeram-lhe esta pergunta: “Porque afirmam os doutores da Lei que primeiro há-de vir Elias?”»

9: 28 (Cura de um epiléptico)

«28Quando Jesus entrou em casa, os discípulos perguntaram-lhe em particular: “Porque é que nós não pudemos expulsá-lo?”»

10:17 (Jovem rico)

«17Quando se punha a caminho, alguém correu para Ele e ajoelhou-se, perguntando: “Bom
Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”»

10:26 (Jovem rico, perigo das riquezas)

«26Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: “Quem pode, então, salvar-se?”»

11:5 (Entrada em Jerusalém, o jumento)

«5Alguns que ali se encontravam disseram-lhes: “Que é isso de soltar o jumentinho?”»

13: 3-4 (Sinais dos tempos)

«3E, estando sentado no Monte das Oliveiras frente ao templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular: 4“Diz-nos quando tudo isto acontecerá e qual o sinal de que tudo está para acabar?”»

14: 12 (A Ceia Pascal, preparação)

«12No primeiro dia dos Ázimos, quando se imolava a Páscoa, os discípulos perguntaram-lhe: “Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?”»

14: 19-20 (Anúncio da traição de Judas)

«19Começaram a entristecer-se e a dizer-lhe um após outro: “Porventura sou eu?” 20Jesus respondeu-lhes: “É um dos Doze, aquele que mete comigo a mão no prato.”»

16: 3 (Manhã de Páscoas, as mulheres vão ao Sepulcro)

«3Diziam entre si: “Quem nos irá tirar a pedra da entrada do sepulcro?”»

16: 3 (No Sepulcro, última pergunta do Evangelho feita pelo Anjo)

«Ele disse-lhes: “Não vos assusteis! Buscais a Jesus de Nazaré, o crucificado? Ressuscitou; não está aqui. Vede o lugar onde o tinham depositado.”»

Um exeplo de tipificação dos milagres em Marcos (7, 31-37)
31. De novo, se retirou das terras de Tiro e foi para Sidom até ao mar da Galileia, através do território de Decápolis.
32. Então, lhe trouxeram um surdo e gago e lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele.
33. Jesus, tirando-o da multidão, à parte, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e lhe tocou a língua com saliva;
34. depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te!
35. Abriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou o empecilho da língua, e falava desembaraçadamente.
36. Mas lhes ordenou que a ninguém o dissesem; contudo, quanto mais recomendava, tanto mais eles o divulgavam.
37. Meravilhavam-se sobremaneira, dizendo: Tudo ele tem feito esplendidamente bem; não somente faz ouvir os surdos, como falar os mudos.
(Almeida RA)

Tipificação do milagre
1. O enfermo é levado até Jesus (v. 32)
2. É feita a petição para que Jesus o cure impondo-lhe as mãos sobre a cabeça(v. 32)
3. É vencido o obstáculo da multidão, pelo que Jesus o retira a parte (v. 33)
4. Jesus toca-lhe os ouvidos e a língua (v. 33)
5. Dá-se o efeito da cura (v. 35)
6. A reacção de admiração por parte dos presentes (v. 37)
Sequência narrativa: Lucas 14, 1-24
As razões pelas quais escolhi esta sequência de Mateus são as seguintes. Em primeiro lugar porque nos encontramos na presença de um agrupamento de micro relatos todos unidos pelo mesmo tema: a refeição de Jesus na casa de um dos chefes dos fariseus. Quanto ao espaço encontramos-nos dentro da casa do fariseu; o tempo encontramo-lo quando se faz referência ao dia de sábado. Pórtico de entrada: Jesus entra na casa do chefe do fariseu (Lc 14,1), onde começa um discurso sobre as condições para participar do banquete escatológico; pórtico de saída: a sequência acaba com o versículo 24 uma vez que, se continuarmos adiante, muda-se de tema: Jesus acompanhado pelas multidões e as condições para seguí-lo, fora do contexto do banquete e da casa (14,25ss). Lugar em que se situa dentro do contexto do Evangelho de Lucas: subida progressiva de Jesus para Jerusalém. Lucas, neste contexto, afasta-se de Mateus e Marcos ao apresentar a subida de Jesus para Jerusalém num único bloco (9,51 – 18,14).
A sequência é caracterizada pelo agrupamento de quatro micro-relatos: no primeiro (vv. 1-6) Jesus entra na casa de um dos chefes dos fariseus no dia de sábado para tomar uma refeição. Encontramos também vários convivas fariseus e legistas e um hidrópico, a quem Jesus cura suscitando contradição por o ter feito no dia de sábado. Com o segundo micro-relato começa o discurso e as parábolas de Jesus aos legistas e fariseus sobre as condições para participar no banquete escatológico, o do Reino dos Céus (v. 15). É necessário escolher sempre o último lugar para ser exaltado no tempo oportuno (vv. 7-11); não são somente os ricos que devem participar neste banquete de modo a receber deles uma retribuição, mas sobretudo aqueles que não têm nada com que retribuir, para assim ser recompensado na ressurreição dos justos (vv. 12-14); a recusa dos convidados faz com que o convite se estenda a todos os que inicialmente não o tinham sido e que agora entram no banquete (vv. 15-24): são estes os pobres e os “impuros” em Israel (os das praças e ruas da cidade, v. 21) e os pagãos (os dos caminhos e trilhas fora da cidade, v. 23).

Micro-relato Lc 14, 1-6:
1“Certo sábado, ele entrou na casa de um dos chefes dos fariseus para tomar uma refeição, e eles o espiavam. 2Eis que um hidrópico estava ali, diante dele. 3Tomando a palavra, Jesus disse aos legistas e fariseus: “É lícito ou não curar no sábado?”. 4Eles porém ficaram calados. Tomou-o então, curou-o e despediu-o. 5Depois perguntou-lhes: “Qual de vós, se seu filho ou seu boi cai num poço, não o retira imediatamente em dia de sábado?”. 6Diante disso, nada lhe puderam replicar”.

Esquema quinário
1. Situação inicial: v. 1-2. Jesus entra, no sábado, na casa de um dos chefes dos fariseus para tomar uma refeição. Temos o hidrópico e os convivas que “espiavam” Jesus, atentos para ver o que ele iria fazer.
2. Nó: v. 3-4a. Aparece aqui o centro da questão, a partir do qual se desenvolve este micro-relato: o questionamento de Jesus sobre a licitude da cura no sábado, diante do qual os convivas ficam calados por não saberem responder.
3. Acção transformadora: v. 4b. Jesus cura o hidrópico.
4. Desenlace: v. 5. Jesus interroga novamente os convivas pondo em relevo a sua hipocrisia (Cf. Lc 13,15) relativamente à questão da cura no sábado.
5. Situação final: v. 6. O silêncio dos convivas.

Tipo de intriga
Estamos aqui num tipo de intriga da ordem da revelação. A chave de leitura está em Lc 14, 5: Cristo revela-se como o Aquele que tem o poder de curar no sábado, porque ele é o Senhor do sábado. Mas ao mesmo tempo temos uma intriga da ordem da resolução: a cura do hidrópico.

Análise das personagens Jesus: personagem principal.
 Chefe dos fariseus: poderíamos dizer que ele é simpático, porque devia ter convidado Jesus à sua casa para tomar uma refeição juntos. Mas, durante o relato, assume um carácter passivo porque não intervém nunca.
 Os outros convidados fariseus e os legistas: eles também assumem uma posição passiva relativamente ao que se está a passar: espiam (v. 1) e ficam calados (v. 4. 6). Poder-se-ia dizer também que, juntamente com o chefe, são opositores, mas isso é implícito porque de facto eles não querem que Jesus realize este milagre no sábado, mas não o manifestam explicitamente.
 O hidrópico: passivo, recebe a cura e volta para casa.

Análise do Espaço
 Político: Jesus a caminho Jerusalém, e portanto nas regiões da Galiléia e Samaria, governadas pelo tetrarca Herodes Antipas, que reinou de 4 a. C. até 39 d.C. (Cf. Mt 2,1).
 Topográfico: dentro da casa do fariseu, lugar privilegiado por Jesus para desenvolver o seu ministério.
 Arquitetónica: Também a casa, e portanto dentro dum espaço caracterizado por linhas circulares.

Leitura do espaço relativamente a Jesus
Formas preposicionais
v. 1 Para a casa (εἰς οἶκόν) de um chefe dos fariseus
v. 2 Estava um hidrópico diante dele (ἔμπροσθεν αὐτοῦ)
Formas verbais
v. 1 Ao ir para a casa (ἐν τῷ ἐλθεῖν αὐτὸν εἰς οἶκόν)
v. 2 Estava um hipódrico (καὶ ἰδοὺ ἄνθρωπός τις ἦν ὑδρωπικὸς) diante dele
v 4 E tomando-o curou-o e despediu-o (καὶ ἐπιλαβόμενος ἰάσατο αὐτὸν καὶ ἀπέλυσεν)

Análise do Tempo
O tempo é factual, por ser de sábado. Conforme o espaço de tempo entre a história contada e o tempo em que ela se realiza, o modelo utilizado sofre variações. Assim no princípio temos o sumário (vv. 1-2), porque o tempo do relato (certo sábado...v. 1) é maior do que o tempo da história. Segue-se a cena, porque começa o discurso (vv. 2-6), onde entre o tempo da história contada e o tempo da história há uma identificação.