domingo, 10 de outubro de 2010

Análise das diferenças entre Mt 8,23-27; Mc 4,35-41; Lc 8,22-25

A tempestade acalmada

Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos seus discípulos: “Passemos para a outra margem”. Eles o levaram, e tendo despedido as multidões, subiram no barco.
E sobreveio uma grande tempestade, de modo que o barco era impelido pelas ondas e pela força dos ventos. Jesus dormia. Os discípulos, então, o acordaram e lhe disseram: “Senhor, não te importas que pereçamos?”. Ele levantou-se e conjurou severamente o mar e o vento. Logo sobreveio uma grande bonança. Depois lhes perguntou: “Porque tendes medo, homens de pouca fé?”. Todos ficaram admirados e com espanto diziam uns aos outros: “Quem é este que até o mar e o vento lhe obedecem?”.

Diferenças

Pondo em paralelo os três textos de Mt 8,23-27; Mc 4,35-41; Lc 8,22-25; encontramos as seguintes diferenças:

- Em Mc 4,35 e Lc 8,22: o convite de Jesus para ir à outra margem. Em Mt 8,23 diz-se apenas que Jesus entrou no barco e os seus discípulos o seguiram.

- Referência a uma certa temporalidade: em Mc 4,35: “Naquele dia, sendo já tarde”; em Lc 8,22: “Um daqueles dias...”.

- Em Mc 4,36 aparecem outros barcos que acompanham Jesus e a referência a uma multidão que despedem.

- Se em Lc 8,23 e Mc 4,37 fala-se de uma “tempestade de vento” (la‹lay), em Mt 8,24 diz-se de um cismo (seismÕj).

- Diferenças na forma como os discípulos chamam a Cristo: em Mt 8,25 dizem kÚrie (Senhor); em Mc 4,38 dizem Did£skale (Mestre, educador); enfim em Lc 8,24 dizem 'Epist£ta (Protector).

- Em Mc 4,38, a diferença dos outros, diz-se que Jesus estava dormindo na popa do barco (referência a um lugar) e com a cabeça sobre o travesseiro.

- Em Mt 8,26, a diferença dos outros, Cristo repreende os ventos e o mar levantando-se em pé (™gerqeˆj).

- Se em Mt 8,26 a repreensão dos ventos e do mar é precedida pela repreensão aos discípulos, em Mc 4,39 e Lc 8,24 temos o contrário: primeiro a repreensão dos ventos e do mar, em seguida aos discípulos.

- Se em Mt 8,27 e em Lc 8,25 temos apenas a admiração dos que estavam no barco, em Mc 4,41 está presente o temor.


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