Como Mateus viu Betzabéia?
Mateus, na genealogia, não coloca “panos quentes”. Fala claramente que “Davi gerou Salomão, daquela que foi mulher de Urias” (Mt 1,6b). Mateus não coloca o nome “Betzabéia”. Porém, contempla o nome do estrangeiro Urias, o assassinado pelo rei Davi. A memória popular devia, provavelmente, ter vergonha desse relato sobre o rei Davi. Fazer o que? Era verdade. O relato atrapalha o projeto ou não? A comunidade de Mateus faz a memória “daquela que foi mulher de Urias”, o hitita (estrangeiro), entre as cinco mulheres destacadas na genealogia de Jesus. Isso, apesar do palácio a haver explorado, Mateus não tem como silenciar, porque Betzabéia teve Salomão com Davi, a principal pessoa, na perspectiva messiânica, da dinastia que chega até Jesus. Como Mateus contempla, na sua genealogia os altos e baixos da história da salvação, teve de lembrar aos seus leitores, não o silêncio de Betzabéia, mas a frieza, o calculismo, o aproveitamento, a exploração e o assassinato do palácio real contra os trabalhadores (Urias) e contra amulher (Betzabéia).
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