quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

1 | Evangelho de S. Lucas

O Evangelho de S. Lucas

Características particulares:

Evangelho do Espírito Santo – Desde o início do seu Evangelho, Lucas realça a acção do Espirito Santo na vida e no mistério de Jesus Cristo.

Lc 1,15 – “O percursor está cheio do Espirito”.

Lc 1,35 – Maria é fecundada pelo Espirito.

Lc 1,43; 1,67; 2, 25-28 – Isabel, Zacarias e Simeão são cheios do Espírito.

Lc 3,22 – No baptismo o Espírito desce sobre Jesus.

Lc 4,1 – Jesus inicia o seu mistério publico cheio do Espírito.

Lc 4.18 – Jesus cumpre a profecia de Isaías relacionadas ao Espírito Santo.

Lc 4, 1-2; 4,14 – O Espírito capacita Jesus a suportar a tentação e vencer o mal.

Lc 10,21 – Jesus se alegra no Espírito no retorno dos setenta.

Lc 11,13; 24,49 – Jesus ensina que os discípulos receberiam o Espírito.

Ênfase no Templo – No seu evangelho, Lucas demonstra grande importância do templo, não apenas referente à ligação com os relatos da Paixão, mas também relativamente a narrativas exclusivas sobre a Natividade (Lc 1.8, 21-22; 2,27;2, 37), incluindo a visita na puberdade (Lc 2, 41-51). Após a ascensão de Jesus, os discípulos vão ao Templo.

Ministério dos Anjos – No seu Evangelho, Lucas referencia várias vezes os anjos, por mais de 20 vezes, com o intuito de acentuar a consciência da divindade da pessoa de Cristo.

Ênfase na Oração – Lucas confere à oração uma importância extrema, mais que em Mt ou Mc, no papel do ensino e exemplo de Jesus. Após Jesus ter orado, ensina aos seus discípulos um modelo de oração “Pai nosso” (Lc 11, 2-4), acrescentando duas parábolas, a do amigo insistente e a do pai bondoso, demonstrando a perseverança e a confiança (Lc 11, 5-13). Juntamente com estas duas parábolas, surgem outras duas, as quais destacam a perseverança e a humildade, a viuva importuna (Lc 18,1-8) e a do fariseu e do publicano (Lc 18, 9-14).

Em relação aos outros sinópticos, Lucas faz referência amais nove vezes que Jesus orou:

Lc 3,21 – Por ocasião de seu baptismo

Lc 5,16 – Após a cura do leproso Jesus orou no deserto

Lc 6,12 – Antes de escolher os Apóstolos

Lc 9,18 – Antes da confissão de Pedro

Lc 9,18 – Por ocasião da Transfiguração

Lc 11,1 – Antes de ensinar a oração dominical

Lc 22,32 – Antes da Paixão

Lc 23,34 – Crucificado, orou pelos inimigos e em oração pronuncia suas últimas palavras (23.46).

Evangelho do Louvor e da Alegria – Apenas em Lucas surge uma série de magníficos cânticos inspirados, presentes no Novo Testamento: o de Maria, Magnificat – Lc 1,46-55; o de Zacarias, Benedictus – Lc 1,68-79; o dos anjos, Glória in encelsis Deo – Lc 2,14; o de Simeão, Nunc dimittis – Lc 2,29-32. A alegria é expressa nestes cânticos, sendo que Jesus também se exulta de alegria (Lc 10,20) e leva os seus discípulos a se alegrarem também (Lc 10,20). Lucas constata que o povo se alegrava quando Jesus realizava as suas maravilhas (Lc 13.17; 19.37).

No final do seu Evangelho, Lucas mais uma vez declara a alegria existente, presente nos discípulos que se encontravam de volta a Jerusalém, para louvar a Deus no Templo (Lc 24, 52).

Evangelho dos Pobres e Abandonados – O Evangelho S. Lucas, destaca a especial atenção que Jesus tem para com os pobres e rejeitados. Em muitas passagens Lucas evidencia a riqueza e a pobreza, e o contraste existente entre elas:

Lc 1,48-52 – Maria, uma mulher pobre e simples.

Lc 2,7 – Nascimento de Jesus numa estrebaria.

Lc 2, 8-12 – O nascimento é anunciado primeiramente, aos pobres pastores.

Lc 2,24 – Seus pais cumprem a Lei oferecendo a oferta dos pobres.

Lc 3, 10-14 – João baptista ensina uma atitude simples e pobre.

Lc 4,18-21 – No seu primeiro discurso, Jesus declara que veio “anunciar a Boa Nova aos pobres”

Lc 12, 16-21 – Jesus apela na parábola para o perigo de confiar nas riquezas.

Lc 12,33 – Jesus apela aos discípulos para que tenham uma vida simples e pobre.

Lc 14, 12-14 – Os discípulos de Jesus devem evitar interesses mesquinhos e cobiçosos.

Lc 16,14 – Os fariseus criticam Jesus devido ao seu ensino sobre a pobreza, sendo que Jesus responde apresentando duas parábolas que ensinam a precariedade dos bens materiais (Lc 16, 19-31) e a necessidade de lhes dar um bom uso (16, 1-9).

Evangelho da Salvação universal – Para Lucas a principal mensagem que pretende passar ao leitor, é que Jesus não é apenas o Salvador de um povo específico, mas sim de todos os povos. Para que tal mensagem fique clara para o leitor, Lucas salienta que Jesus não é apenas o “Filho de Davi” ou o “Filho de Abraão”, mas o “Filho de Adão”, unindo assim, tanto judeus como gentios.

Várias passagens remetem para a ideia de um Evangelho de salvação universal:

Lc 13,29 – Pessoas virão de todas as nações para assentarem-se no reino de Deus.

Lc 2, 14 – Os anjos ao proclamarem a paz de Jesus incluem todos os homens.

No final do seu evangelho, Lucas reforça novamente esta ideia, através das palavras de Jesus: “Estava escrito que o Cristo devia sofrer e ressuscitar no terceiro dia dentre os mortos e que em seu nome seria pregado o arrependimento ... a todas as nações, a começar por Jerusalém” (Lc 24,46).

Evangelho das Figuras Antitéticas – Através do contraste entre as figuras, Lucas demonstra as diferentes atitudes de animo ou afectos antitéticos:

Lc 1, 11-22 / 1, 26-38 – Anjo Gabriel anuncia dois nascimentos milagrosos, sendo que Zacarias reage inicialmente com incredulidade, ficando mudo, e Maria, a qual recebe a notícia cheia de fé, levando-a a realizar um Cântico de louvor.

Lc 7, 36-50 – A pecadora que se arrependeu é apreciada, enquanto Simão, o fariseu cheio de si é repreendido.

Lc 10, 38-42 – As reacções diferentes das suas irmãs relativamente à chegada de Jesus a sua casa.

Lc 17,11-18 – Jesus cura igualmente dez leprosos, sendo que nove são judeus ingratos, e apenas um é samaritano, voltando para agradecer a Jesus, adquirindo o perdão e a salvação.

Lc 18, 9-14 – Dois homens que sobem ao templo para orar, sendo que um é um fariseu soberbo, o qual nada obtém, enquanto o outro, um publicano humilde, alcança a misericórdia.

Finalizando esta ideia, Lucas termina a narrativa, relatando o episódio dos dois presos que se encontram crucificados junto a Jesus, sendo que um permanece incrédulo e o outro arrepende-se.

Evangelho no Feminino – Lucas é o evangelista que mais destaca o papel da mulher, quer nos Evangelhos Sinópticos, quer em toda a Bíblia. Lucas coloca a mulher ao lado do homem, sendo ambos Homem e Mulher, filhos e filhas de Deus.

No seu Evangelho, Lucas confere às mulheres papeis bastante significativos. Desde o início que surgem como personagens centrais, Isabel declarada ajusta e irrepreensível, face ao seu marido. Maria, na sua bela figura, de extrema beleza, inteligência e submissão incondicional à vontade de Deus. Lucas faz inúmeras referencias a várias personagems femininas como a mulher que proclamava bem-aventura a mãe de Jesus, a mulher encurvada, a parábola da mulher que perdeu e encontrou a moeda, a parábola da viúva e do juiz iníquo, as mulheres na via-sacra.

No seu Evangelho, não só as mulheres abrem a narrativa, como também permanecem no seu fechamento, como as mulheres que permaneceram junto da cruz, sendo as primeiras a ouvir as boas novas da Ressurreição e a contemplar Jesus ressuscitado, anunciando a nova mensagem.

Lucas irá deixar bem claro que as mulheres “seguiam e serviam” Jesus, duas características importantes do discupulado. Mesmo se encontrando num ambiente hostil, elas permaneceram fiéis na sua fé e no serviço ao Messias, seguindo-O para Jerusalém, acompanhando os momentos da Paixão até à Ressurreição.




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