quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

1 | Evangelho de S. Mateus (introdução)

Evangelho de S. Mateus

Evangelho escrito por volta dos anos 80-90 d.C, algum tempo após a destruição de Jerusalém. Pensa-se que terá sido escrito na Síria, ou Antioquia ou até em Fenícia, por relatar uma polémica declarada contra o Judaísmo farisaico.

Considera-se, através da antiga tradição eclesiástica, que o seu autor terá sido o Apóstolo Mateus, um dos Doze, identificado como cobrador de impostos (Mt 9, 9-13; 10,3).

O autor estaria familiarizado com a geografia, os costumes Judaicos, a História Judaica, sendo um judeu tornado cristão. Considerado um mestre na arte de ensinar, colocando uma ênfase na missão evangelística à nação Judaica, fazendo compreender o mistério do Reino dos Céus, a Boa Nova anunciada por Jesus, Messias, Filho de Deus.

O Evangelho de Mateus, apesar de apresentar alguns elementos comuns aos Evangelhos de Marcos e Lucas, apresenta uma narração muito diferente, com grande amplitude dos elementos próprios, uma liberdade com que retracta materiais comuns.

Ao escrever o seu Evangelho, Mateus procura mostrar o cumprimento das Escrituras na pessoa e obra de Jesus, do Messias esperado. Através dos textos da Escritura irá explicar o Mistério Messiânico, e interpretar a Escritura à luz de Cristo.

Assim, os Textos da Escritura confirmam a fidelidade dos desígnios divinos presentes neste Evangelho, e a nova Aliança presente em Cristo. Irão sobressair cinco discursos de Jesus: Mt 5,1-7,28; Mt 8,1-10,42; Mt 11,1-13,52; Mt 13,53-18,35; Mt 19,1-25,46; através dos quais é feita a divisão do Evangelho.

Estes discursos são referentes a:

§ Mt 5,1-7,28 – “justiça do Reino”

§ Mt 8,1-10,42 – Os arautos do Reino

§ Mt 11,1-13,52 – Os mistérios do Reino

§ Mt 13,53-18,35 – Os filhos do Reino

§ Mt 19,1-25,46 – A vigilância necessária na expectativa da ultima manifestação do Reino.

Mateus apresenta a história de Jesus, de um modo próprio, mostrando em Jesus de Nazaré o cumprimento das profecias. Jesus é o Salvador esperado, que ensina com autoridade, interpretando a Lei e as mensagens dos Profetas sobre o Reino de Deus.

No centro do Evangelho, descobre-se Cristo ressuscitado, identificado como sendo Jesus de Nazaré, filho de Davi e Messias esperado.

Durante muito tempo, este Evangelho foi considerado “O Evangelho do Igreja”, devido às tradições que apresenta, à sua riqueza e ordenação do seu conteúdo, agrupado por temas, como os Discursos de Jesus, as Parábolas, algo que se encontra disperso nos outros Evangelhos. Obtém assim, um lugar privilegiado na catequese e liturgia.

Considera-se que terá sido escrito no seio de uma comunidade Judaica, pois desde as primeiras linhas encontram-se referencias ao Antigo Testamento, que se constitui no fundamento da fé Judaica. O modo como o Evangelho está apresentado, pressupõe que os seus leitores tivessem conhecimento das particularidades e subtilezas da língua, bem como os costumes religiosos e geografia da Palestina, pois não apresenta explicações adicionais às narrativas.

Mateus utiliza regularmente a linguagem religiosa Israelita, uma linguagem pouco compreensível para os não iniciados no Judaísmo.

O recurso constante às Escrituras, leva a crer que a comunidade teria um grande conhecimento das mesmas.

Mt 5, 23 – “Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar ...” - Sendo o único Evangelho que apresente esta fala do Senhor, supõe-se que os leitores do Evangelho, iriam ao Templo para oferecer sacrifícios.

Mt 24, 20 –“ Rezai para que a vossa fuga não se verifique no Inverno ou em dia de Sábado.” – Só Mateus realça a problemática de uma fuga, coincidir com um Sábado.

Mt 4, 23; 9,35; 10,17; 12,9 – “ As sinagogas deles” – Mateus refere-se às “sinagogas deles”, dando a ideia da existência de outras, “as nossas”, sendo que os leitores deveriam frequentar as sinagogas.

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